(Monólogo Harpa, Cena nº 1)
Passei por diversas vezes ao lado do telefone e ensaiei mil palavras para dizer assim que ele ligasse. O dia foi passando, o sol forte que amanheceu acordando a primavera já não mais estava presente sobre mim, as horas foram mudando de posição e eu vi que o relógio já marcava o que eu não podia nem queria imaginar.
Teve um momento que eu me distanciei da sala de estar e tive a certeza de que o telefone havia tocado. Foi um engano que durante o tempo que durou fez meu coração palpitar de alegria. Após passar de um lado para outro da sala, resolvi me encher de coragem (uma coragem que eu não sabia nem onde encontrar), para então ligar para ele e dizer todas as palavras cuidadosa e meticulosamente pensadas no sabor da reconciliação desejada.
Então, busquei o número do telefone em minha memória afetiva e pus-me a teclar número a número calmamente. Na primeira chamada tive vontade de desligar, mais foi mais forte que eu e então preferir ficar ali ouvindo o telefone chamá-lo (na verdade fiquei ali ouvindo eu chamar por ele).
Quando ele atendeu, fui logo dizendo:
-Alô amor... Olha não desliga o telefone não!
Ouve só um pouquinho o que tenho para te dizer.
“ (....)”.
-Não! Não posso deixar para depois...
Depois é tempo que não chega, força que se acaba, voz que perde a alma...
Preciso dizer-te agora:
-Olha, não retira teu ouvido de minha voz... Ouve-me apenas por um instante...
Um instante é menor que uma partícula de segundo... Não vou tomar teu tempo, este tempo que te falta para mim!
Passei por diversas vezes ao lado do telefone e ensaiei mil palavras para dizer assim que ele ligasse. O dia foi passando, o sol forte que amanheceu acordando a primavera já não mais estava presente sobre mim, as horas foram mudando de posição e eu vi que o relógio já marcava o que eu não podia nem queria imaginar.
Teve um momento que eu me distanciei da sala de estar e tive a certeza de que o telefone havia tocado. Foi um engano que durante o tempo que durou fez meu coração palpitar de alegria. Após passar de um lado para outro da sala, resolvi me encher de coragem (uma coragem que eu não sabia nem onde encontrar), para então ligar para ele e dizer todas as palavras cuidadosa e meticulosamente pensadas no sabor da reconciliação desejada.
Então, busquei o número do telefone em minha memória afetiva e pus-me a teclar número a número calmamente. Na primeira chamada tive vontade de desligar, mais foi mais forte que eu e então preferir ficar ali ouvindo o telefone chamá-lo (na verdade fiquei ali ouvindo eu chamar por ele).
Quando ele atendeu, fui logo dizendo:
-Alô amor... Olha não desliga o telefone não!
Ouve só um pouquinho o que tenho para te dizer.
“ (....)”.
-Não! Não posso deixar para depois...
Depois é tempo que não chega, força que se acaba, voz que perde a alma...
Preciso dizer-te agora:
-Olha, não retira teu ouvido de minha voz... Ouve-me apenas por um instante...
Um instante é menor que uma partícula de segundo... Não vou tomar teu tempo, este tempo que te falta para mim!
Deixa-me dizer-te que me contento com os restos de tua sombra contanto que fiques perto de mim... Tua sombra para mim ressoa como presença inteira, desta metade que faz você ficar longe de mim...
Ainda ontem eu sentir teu perfume pela casa... Tive a nítida impressão que tu estavas lá, tomando banho e se preparando para me receber... Era uma impressão tão precisa que inscrevi na realidade aquele momento...
Vesti então aquela camisola de renda fininha que compramos em uma de nossas viagens... Coloquei a luz em meio tom, a música em meia luz, derramei pétalas pelo chão, lavei-me com um perfume chamado ‘espera’, pus-me na esperança de ter vc em minutos de eternidade então, senti teu corpo entrando no quarto, rodeando a cama, buscando meu melhor perfil para aconchegar...
Depois não conseguir imaginar mais nenhuma cena... Faltava uma parte importante... Faltava a tua presença para anunciar minha existência, e, restou-me outra vez tua sombra. Então apalpei teu corpo todo, todo corpo nu a espera apenas de mim...
Tua sombra, tua sombra... Enlouquece-me é pensar que enquanto tenho-a, teu corpo se expõe para as mãos de outra mulher. Ela sim, tem no concreto o desejo que se revela, e, a mim resta-me teu resto, um resto de desejo que não jogo fora, que não afasto, me aprisiona e teima em habitar em mim.
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