(Monólogo Harpa - Cena nº 5)
Eu vi...
Quando terminamos aquele amor de verão, que viveu em guarda sol de chuva passageira...
Estava lá escrito em seus olhos que: "Você anda fugindo de mim para não se encontrar consigo''
Eu sou aquilo que te falta, tenho o que sonhas em ter e você não suportou esse meu jeito inteiro, intenso, alegre de ser...
Foi demais para você ver as pessoas sorrindo para mim, abraçando-me como quem abraça um doce em calda e derramando-me elogios em palavras constantes...
Você não agüentou não ser eu e não agüentou me ver perto de você... Eu sou demais para você e isso é preciso acatar, é preciso entender, não querer modificar... Era preciso que você aprendesse a ser e a estar comigo (seríamos um casal tão lindo se não fosse essa tua insegurança!)
E eu te convidei tantas vezes para voar e mergulhar comigo sob colinas e oceanos de sentir, querer, saber, olhar, desejar... E eu tentava passar para você que eu busco cuidar bem de mim e do amor que estiver comigo! Mas você não se colocou como um amor para mim...
Que pena que você não soube ou não desejou se entregar a um nós, falar bobagens sem pressa, sorrir de si mesmo, andar de bicicleta, apreciar o cotidiano, acompanhar-me e acompanhar-nos em lugares ainda por desvendar!
E eu com este meu jeito de ser que voa e voa, busca e busca tentou tantas vezes chamá-lo para essa viagem, passeio, descobertas, trilhas de amor onde a paisagem poderia fazer parte de nós, mas você resistiu e com isso fugiu, se escondeu, sumiu de nós, e, agora quando aparece, aparece tímido, amedrontado, sem rumo, sem ritmo, sem vida!
Foi uma ida lá na prainha que me fez perceber que o problema não estava em mim - sim, porque eu me culpava por tudo o que você poderia ser, mas não conseguia ter estando junto a mim-, pois foi você quem partiu em retirada quando construiu esse jeito ‘’gauche’’ de ser, torto de querer, raso de dizer, falho de olhar, amargo de sonhar, pequeno de viver, minguado de tocar, complicado de explicar...
Isto é o que dificulta e impede o acesso a emoções e sentimentos, fragiliza você e o que você toca, ameniza a dimensão de uma vida, e, é tão triste ter uma vida, ter uma oportunidade tão única e irrepetível de fazer-se presente no mundo e não se permitir voar e mergulhar, e, assim sem plainar e sem se entregar, não há como pousar e descobrir aquilo que faz o humano ser humano.
Mas olha, não foge agora não e escuta: Eu estou por aqui viu?! Quando você desejar lançar-se a Vida, me procura que eu tenho algumas coisas para te dizer e te fazer e outras iremos juntos descobrir, compartilhar, aprender...
Pronto, deixei a porta da frente aberta e espero que você chegue e entre, mesmo que seja de mansinho, assim como quem não quer nada, querendo tudo...
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