19 de março de 2011

Enunciação

(Monólogo Harpa, Cena nº 15)


Ainda hoje, logo cedo, retomei a leitura em Mikhail Bakhtin. E ele diz que: “O discurso se molda sempre à forma do enunciado que pertence a um sujeito falante e não pode existir fora dessa forma.” É... E o que falar do enunciado que não traduz a enunciação?

Eu me lembrei do início do nosso namoro: Você passava e me olhava... Outro dia, passava e acenava... Outro dia tomou coragem e me convidou para almoçar... Outro dia me perguntou o que eu achava do tempo, do calor que fazia... Outro dia guardou um lugar para que eu pudesse sentar perto de ti... Outro dia outra coisa e outras coisas em outros dias...

Eu me lembrei de quando eu amava ver você procurando-me lá no meu trabalho, para saber se estava tudo bem, se tinha algum problema, se estava tudo certo com aquele documento! Você me perguntava essas coisas, essas coisas eram seus enunciados, mas as suas enunciações me perguntavam outras coisas.

Um dia, quando estávamos em uma daquelas reuniões demoradas que a gente sabe a hora de chegar, mas não sabe a hora de sair... Você chegou junto a mim e perguntou: “Você quer um cafezinho?” E eu respondi rapidamente: “Sim, quero!”-e respondi no mesmo tom da pergunta! E pus-me a olhar para você, para suas expressões, para suas enunciações -.

E eu li no enunciado dos seus olhos e do seu corpo por inteiro que você queria mesmo era me perguntar se “Eu não queria você?!.” Você tirou o “você’’ e colocou no lugar o “cafezinho’’... Que troca! A palavra trocada não trocou o sentido da enunciação.

E foi isso que, naquele dia, me levou a ficar na frente do elevador -que toda hora abria a fechava as portas-, para dar tempo de você se aproximar e então podermos descer ou subir, tomando fôlego para um enunciado repleto de enunciação amistosa. 

E então, naquele dia, decidimos que iríamos nos amar, aliás, foi a enunciação quem anunciou esse enunciado!... E foi muito lindo nos ver daquele jeito que nenhum enunciado se atreve a descrever!

E na hora em que o amor se instaurou em nossos corpos, sentimos que não precisamos de enunciados... Tínhamos as enunciações. E o que mais queríamos? Tudo já estava dito. Dito, claro que não! Tudo estava Sentido, Percebido, Enunciado!

E por muitas tardes e noite viajávamos nos mares das enunciações... Pousávamos em ilhas rodeadas de lençóis, perfume e pétalas... E o nosso oceano era muito distante da terra firme e as nossas enunciações em forma de sentidos ganhavam uma temporalidade diferente.  

Lembro-me nitidamente que o contorno dos teus olhos já expressa tudo e muito mais. Prendia-me trazendo-me para mais perto e soltava-me fazendo-me ser admirada... E as tuas mãos, nossa como falam (risos). Elas não anunciam o que vão fazer. Elas simplesmente fazem acontecer!

E foi assim...  Encontros, comunicações, enunciações que no tempo ou fora do tempo acompanharam o ritmo im-posto pelo nosso desejo. Éramos a expressão da natureza humana e o nosso estar-junto, o nosso romance, não passava por turbulências amedrontadoras porque não analisávamos heterogeneidades e  buscávamos em nossas próprias sombras, as réplicas que nos confundia.    

Um dia eu comecei a notar que as horas chegavam, mas não mais traziam você. O tempo mudava, folhas balançavam ou ficavam paradas, árvores estáticas sem florir ou com flores já não mais vistas por mim... Notei que quando queria, o cotidiano sabia ser perverso e inexplicável... Senti então uma tristeza profunda da qual eu não precisava falar... Todos sentiam o quanto meu corpo sofria... Era o enunciado totalmente desnecessário à minha fala, diante da enunciação totalmente carente do meu corpo!

Não cabia mais eu me arrumar, procurar um espelho para retocar os traços belos, arrumar o cabelo deixando a nunca a mostra... Você não mais me procurava, não me olhava, não me admirava, não buscava mais saber de mim. Isso foi me matando aos poucos! E uma morte difícil de aceitar, porque eu não estava debaixo de 7 palmos de terra. Eu estava debaixo de mil perguntas sem respostas claras que me dissessem o que realmente aconteceu.

Agora eu é que me pergunto isso: “Para que perguntas e respostas?” Os enunciados fugiram porque você fugiu de mim, foi se esconder em alguma ostra pensando ser pérola. No entanto, as enunciações estavam em você, na sua ausência  presente!   
   
Foi difícil acreditar, aceitar que a enunciação de agora era tão diferente das enunciações de outrora! Mas o que fazer? Mas como mudar? Mas como voltar o tempo? Mas como parar o relógio?

Um dia eu vi você passando tão apressado que pareceu tropeçar em si-mesmo! Está em fuga, pensei! Está indo ver alguém, imaginei! Está indo para não voltar, concluí! Que não seja para aquele nosso lugar, clamei! Então busquei as poucas forças que ainda restavam em mim e achei por bem abandonar você, suas enunciações e abandonar em mim as minhas incrédulas certezas! 

Eu me peguei ensaiando várias vezes: Se algum dia ele aparecer a minha frente e me perguntar: ‘O que você tem?’ Eu direi: “Nada!”. Quando me perguntar: “Porque você estar assim?”. Eu direi: “Por nada, nada não!”. Quando insistir na pergunta, afirmando: “Você está diferente!”. Então direi: “É impressão sua!”. E o diálogo vai ficar assim: Você querendo saber e eu querendo que você não saiba.

Que engano! É possível, alguém enunciar sem conter a enunciação? O enunciado, muitas vezes, não comporta a enunciação.

E a enunciação... Ela vai além do enunciado. Ela fala por si só. Não precisa de palavras, argumentos, validações. A enunciação não se prende, não se rapta, não é refém de palavras que fogem da boca ou de gestos descompassados que surgem para enganar talvez o ouvinte, mas nunca o falante! Ou melhor: Talvez o falante, mas nunca o ouvinte!

Eu me peguei pensando várias vezes se eu deveria ou não deveria procurar por você e dizer-lhe o quanto você me magoou e me ofendeu com esse seu jeito crasso de ser. Foi nesse instante que tive uma iluminação que me salvou a vida e retirou de mim todo um tormento que me assolava a alma.

Escrevi então, alguns enunciados que diante de ti, afirmam as minhas intenções e validam as minhas enunciações, e, diante de mim, negam as suas intenções e invalidam as enunciações que são desejadas por mim. Esse seu negar e invalidar, constituem uma verdade insistente, que me queima a alma, me desespera, me ausenta de mim.  

É assim ...
Você, o amor e eu ...
Não nos bastamos e procuramos sinais
Em aceânos de cálidos encantos!

Buscamos asas, queremos não plano   
Voar em planos que tocam o infinito!
Levamos um tempo amargo e perdido
a desviar os prantos de tantos enganos
que no norte sem norte, nos deixou, cair!

Vivemos uma delícia vulcânica quando 
nas tardes de ontem, mergulhamos sentidos,
Que se incendiavam na mais pura explosão da paixão!
-Quando os corpos não tinham segredos e sem segredos,
ignorávamos o minuto depois ... Era o futuro do futuro, poético!-

Retiramos o amargo dos tons da pele
Em incertos sorrisos de muitas certezas...
E desfrutamos o que tínhamos de mais belo em nós dois:
-Nosso jeito inteiro, secreto, intenso de suave bem-querer,
Repleto de um quero-mais, um volta-logo, e, para-sempre!-

Hoje... Nós dois numa intensa saudade de nós ...
Alastramos, no firmamento dos sonhos, asas que
mesmo sem se tocarem, ainda se procuram e se aquecem
posto que infinitas, esperam e desejam, pousar em sombra!


E se algum dia estes enunciados caírem em seus olhos que você possa lê-lo e sentir o que a enunciação sente falta, clama, sugeri, tem saudade e tem vontade de encontra-te mais uma vez! 


Como vês, ainda sonho com o pouso de nossas sombras... Que erro há nisso?! Mas para não me perder de mim, espero que meu corpo se acolha em outras enunciações antes que o sol se ponha!
                              
                             Poema:  Josanne Morais (inspirada: Poema ‘’Anjo’’ e Música ‘’Te Devoro’’).


15 de março de 2011

Signo

                                                                                                                    (Monólogo Harpa, Cena nº 14)

É... Hoje à tarde, quando o tempo deixou-me respirar, coloquei-me a reler a Lingüística de Ferdinand de Saussure. Foi bom rever os conceitos do ‘signo’. E tem dois conceitos que me chamam a reflexão:
O primeiro, relaciona-se a ‘ideias artificiais porque são criadas especialmente para a comunicação’, o segundo, afirma que ‘trata-se de representação no sentido de que substituem o objeto a conhecer, apresentando-o aos indivíduos’.
Pois bem... No primeiro, posso teorizar a concretude que é você ou que você teima em apresentar para mim. Falar de você é falar de uma artificialidade ímpar. Mesmo assim, claro, comunica. Comunica o que o coração não quer saber, o que os olhos se recusam a ver, o que os ouvidos se escondem para não ouvir. 
O segundo conceito é que me chama mais a atenção. ‘Representação’,  ‘Substituição’, ‘Objeto’, ‘Conhecer’ e ‘Apresentação’. Em cada categoria  dessa, fui aos poucos, vendo um todo que não se fecha, não se acaba, mas se constitui naquilo que eu sei, mas que não gosto de saber sobre você e por isso nego a todo instante a sua existência.
          Mas, não posso agora mais negar... Nossa como você está em tudo isto!
Representa um ser que não se apresenta na enunciação; Substitui a mentira por verdade numa naturalidade sobrenatural; Objetiva-se e, por isso, não subjetiva e ab-jeta o sujeito próximo de ti; Conhece a marca profunda do ser que para mim não-é, e, uma vez não-sendo, não deixa-se ser... Apresenta-se como uma farsa, uma inteligência que serve apenas a você e a seu mundo cheio de traça.
Quais pecados em cometi para merecer alguém assim?... Um ‘ninguém’ que não deve atender nem pelo pré-nome de Zé (o Zé Ninguém) posto que Zé é alguém... Um alguém que se lança a vida não como ‘lança’, mas como ‘caça’ e sendo caçador invade a vida e vive-a, plenamente!
Hoje, quando lembro de ti... Ah! Hoje quando lembro de ti ...
O que vejo é o signo de:
         um rosto metade que não olha de frente, não encara, não examina a elegância das madrugadas...
         um olho sem ‘menina’ que arbitrariamente esconde o que olha para propor julgamentos insanos, covardes...
         uma boca sem céu, aberta apenas para proferir reticências, negatividades, palavras sem cor que vivem ao sabor do calor da intolerância, do preconceito, do estereótipo e  de angustiantes profecias.
          uma língua que preferiu morrer a míngua que servir-se de meu corpo, posto que, ‘corpo’ é apenas um signo, uma palavra do dicionário que não tem valor de comunicação porque sempre foi prezada para compor teu vocabulário, e, desprezada para re-significar nossa história.


F. de Saussurre, diz que: “O signo é sistemático porque não funciona isoladamente” Mas, você, contraria o pensamento do autor... Você acha que se basta, que se complementa, que se acentua, que se evidencia apenas porque chega, e, chegar já te conforta!
O que você não sabe é que o que mais chama atenção em você não é o teu ‘chegar’ porque nada denota de novo, de bem, de belo, de justo, mas sim,  as tuas pragas, jogadas no celeiro de teu pragmatismo, isto que te torna anti-social, não-querido, não-aceito, desprezível e revela a expressão do que desejas ocultar!   
                        Por isso, amado, minhas últimas palavras a você, serão estas:
                        /amado, signo solitário, que aqui não é o que parece ser/


Não o aceito mais como meu signo, meu céu não assume você, estrelas não te contornam mais...
Não aceito mais suas condições de não deixar-me ser, e, de querer anular-me em toda constelação.
Você chegou como promessa e em promessa continuou, teu tempo passou e agora nego a visão que tenho de ti, mas não posso negar a percepção.
A percepção está aqui comigo e tenho conseguido não revelá-la a mais ninguém. Quando alguém me pergunta por ti, desconverso, não tenho versos para cantar-te, falta-me um signo, uma palavra que possa acentuá-lo em minha vida, sobra-me o dissolúvel sentido de estar contigo...
Eu sou um signo que vivo sem ti... Tu és um signo que ‘acho eu’ sobrevive sem mim... Não (sobre)vivemos quando estávamos juntos... Somos palavras ocas, não sentimos o estado do verbo, faltou-nos a ação que nos daria alma, trouxemos o significado da ausência, e, em doses homeopáticas nos presentiamos com a felicidade que se chama finitude!   

13 de março de 2011

Verdade

                                                                                                                                                                   (Monólogo Harpa, Cena nº 13)


Acordei com uma louca vontade de pegar a caixa de veludo na qual guardo com carinho todas as cartas que trocamos ao longo do nosso viver junto!
Quando tomei a caixa em minhas mãos pensei: ‘Nossa, aqui estão todas as passagens de uma vida, todos os instantes repletos de alegrias, todas as paisagens que revelam um todo que agora se contorce por ser apenas parte’.
Lembrei-me então que você me falava de teus sonhos e desejos e que eu estava incluída em todos eles... Nós estávamos sempre juntos e somávamos nas manhãs primaveris – quando víamos em pétalas os sonhos de uma vida-, e, nas noites de invernos - quando abraçadinhos ficávamos cobrindo-nos com nossas próprias pernas-.
E era tão boa aquela sensação de eterno, de infinito movimento que nos conduzia a um querer sempre mais... Lembrei-me de certa noite em que, vestida apenas com um toque de perfume, eu te declamei no palco de nossa cama – a impossível medida do quanto de amor tenho por ti, e, o quanto sinto nosso corpo ferver quando apenas nos olhamos.
É uma física que não explica dois corpos se tornarem apenas um; é uma química que não se aplica apenas porque o toque da pele pede a alquimia... É isso que me leva a acreditar que existimos em outras vidas e que vivemos em todas essa querência que nos aproxima, nos completa, nos diferencia, nos particulariza, nos faz procurar a travessia dos mares para mantermos acesa uma chama que desafia tempo, espaço, desejo...      
Ai... A verdade... A verdade é que sinto saudade. Essa saudade – melhor tradução para o sentimento de falta, de ausência– fez-me por um instante chorar, perguntando-me em soluços: ‘Onde está tudo agora?, Que rumo tomou você?, Que rumo tomou a nossa história?, Por que nos perdemos na caminhada?, E as promessas onde foram parar... Elas se perderam de nós ou nós as esquecemos em algum banco de jardim?’, E a passagem que compramos para mais uma viagem em que livro ou caixinha eu a coloquei?”.
Vi na minha doce e eterna lembrança que os vestidos e paletós que outrora se embolavam no armário agora não se encontram mais, não se confundem, não se misturam... Esse vazio, encontrado no armário, é apenas a parte concreta do abstrato concreto que pousa em mim...
Heráclito em Diagrama 1, Fragmentos do Pensamento, diz: “Lutar contra o coração é difícil pois se paga com vida”. E meu coração anda, corre, rasteja pedindo tanta coisa... Querendo tanta coisa que já não sabe mais enumerar.
Estou pagando com a vida desde que resolvi saber ao pé da letra quais eram as tuas reais verdades, os teus reais quereres. Que bobagem isso! Às vezes nós falamos, fazemos, queremos coisas que nem nós mesmos sabemos explicar, porque então, pedir tanta explicação aos outros?
Não quero descobrir nenhuma de tuas verdades... Tuas verdades não me interessam por nenhum instante... Quero apenas saber dos meus desejos posto que eles me bastam... E quando digo isso, acredite amor, não é por egoísmo. Eu apenas quero descobrir-me ou buscar-me a mim mesma!
Por isso, que hoje, depois de rever as fotografias de uma vida ‘quase inteira’ ao teu lado, coloquei-me a pensar em tom de esperança: ‘Basta-me saber o quanto te desejo e te espero! Qual o perfume que te enlouquece, qual roupa te tira os sentidos, quais feitiços te levam para além de nós... Quais as leituras que me tocam a uma procura profunda e intensa, e, as músicas que me tiram do chão sem que eu saia um milímetro do lugar em que estou’.
São estas delícias que me interessam e movimentam-me a alma! Isso me dará uma força enorme para poder esgotar o que ainda sinto e que não está resolvido em mim... É por causa dessa necessidade de ‘esgotar’ que eu tomei minha mais cara decisão: Eu vou procurar por você, te olhar mais uma vez, tentar te dizer o que meu choro deixa e não deixa... –Esse procurar, será preciso, será precioso, mesmo que seja a última coisa que eu realmente faça por nós, para salvar-nos desse abismo que está colocado por entre nossas vidas!-.    
Eu tenho esperança que um dia ainda vou mostrar a você os caminhos que levam às montanhas de Machu Picchu... Então espero, em esperança, contigo entrar no portal do sol e amanhecer junto com orvalhos, mirando nossas vidas e tirando fotografias que revelarão um "nós" na expressão de "um".
Dessa maneira, espero que a verdade, se anuncie de outra forma para você. Espero que tuas verdades sejam outras, outras que os teus desejos, por agora, teimam em não querer saber!
E você sentirá aos poucos que: ‘o vigor de cada dia é um’. Assim, ao retornar para tuas verdades, essas que você teima em colocar acima de tudo, você sentirá que deverá abrir espaços para meus desejos....
Meus desejos já serão os teus desejos também, posto que, somos ‘dois’ na expressão de ‘dois’ – em nossa individuação-, e, podemos ser ‘dois em um’ – no complemento do humano que estar e cabe em nós...
E se nada que eu fizer, se nada que eu falar for suficiente para trazê-lo de volta a mim, eu ainda assim te peço: ‘Ouvi no silêncio de teu coração o que te recitarei agora. Só ouve, só ouve, deixa para falar quando tua alma estiver repousando no desejo que responde pelo nome de verdade'. 


Amor,
Assim, sinto-me, em inteiros pedaços... Quando me toca de perto a ''saudade do que não vivi''... 

Me assusta pensar que ''Dios nos había unido''. - E éramos, naquele profundo instante,''tú y yo'', tão felizes!-

E eu agora ''quiero solamente'' dizer-te:''Regálame las flores'' por ter um pedacinho de ti, tão perto de mim, em um infinito desejo, de encontrar-te!

E quando me envolvo nos sabores que minha alquimia preparou para ti, a saudade dói mais que receber espinhos, e, é tão triste a agonia de ''vivir sin ti''

Aí, meu amor, está toda ''la verdad'' que me feri para-sempre: A de saber que sem ti, existo só em corpo,/talvez morto/,posto que, minh'alma, apenas sabe, ''derramar mi llanto'', toda vez que surge em mim, uma sombra distante de tua presença!