O Vinicius (de Moraes) disse em uma de suas poesias: “Tomara que a tristeza te convença que a saudade não compensa”. A partir dessa idéia que é quase um sentimento, eu fiquei pensando se vale a pena eu viver brincando de ser feliz, quando a infelicidade me consome e desconsola meu olhar!
Na madrugada desta manhã, chovia pingos de mim em lágrimas de puro sal. Quanto mais chovia em mim mais eu chorava por ti e custei a recuperar-me. Abracei-me muito forte e, de repente, notei meus seios apertados sobre meus abraços e os percebi com saudade de nós!
Não havia uma só madrugada, claridade cálida que acorda o dia, que eu não acordasse com você passando suas mãos por todo meu corpo! E você procura meus seios e tocava de forma leve e intensa e quando eu me dava conta você já estava por completo em mim!
Nas manhãs de qualquer tempo, com mãos em qualquer desassossego, entregava meus lindos seios a doçura de teus lábios tão repletos de ti. Era um amor fora de hora que a hora não se atrevia a contar.
Para que tempo, quando o tempo mais requerido era aquele: Aquele que tuas mãos procuram meus seios, sentindo-os inteiros em gosto de mel. E tuas mãos, nada egoístas, dividiam espaço com tua boca aflita!
Se tuas mãos procuravam meus seios, tua boca procura meu gosto num gesto caliente e gostoso de onde brotam todo um clamor! Que belo, amor, te perceber presente em mim e dentro de mim...
Nas tardes de qualquer estação, estava você a convidar-me a ‘estar’... Era um estar malicioso, cuidadosamente preparado para não me deixar escapar. Escapar, como? Para quê? E eu queria escapar? Só se fosse Louca, estando longe do juízo perfeito! Só se fosse Santa, estando longe do pecado predileto!
E as tardes demoravam a passar... Acho que elas tinham medo de sentir falta de fôlego quando o pôr do sol começava anunciar a véspera da noite... E, então, a gente tratava de esconder o tempo por entre nossos dedos famintos!
As noites, quando chegavam, delícia de hora esperada, suspiro de alívio em desejo, ali estávamos prontos para recomeçar! Se tínhamos cansaço? Cansaço de quê?! Que cansaço pode ter mãos que procuram corpo, bocas que procuram afeto, no feto chamado seios marca sagrada da mulher?!
Felizes as mulheres que usam seus seios para acalentar, para desfrutar, para emergir êxtase, para se deixarem tocar, felicitar!!! Os seios de uma mulher sabem e sentem, pronunciam e enunciam o nome do homem que lhe encanta a alma, que lhe seduz à meia luz ou à luz inteira do ousado lugar onde habitam os atalhos e os caminhos dos quereres!
Felizes os homens que sabem o que fazer quando tocam os seios de uma mulher e os levam a boca, e, sabem, ainda, que não podem matar o desejo do corpo nem podem morrer de amor, posto que, se assim fizerem, estarão destruindo a si próprios! E, então, no lugar do “Tomara que a tristeza te convença que a saudade não compensa” Existirá: “Oxalá eu possa voltar para, então, poder desfrutar do que a morte sem pensar me roubou de açoite!
Seios... Dois pedaços de carne, bem moldados, cheios de quenturas, uma loucura da criação... Se Deus não os tivesse feito o que seria dos homens sem seu gozo costumeiro? Morreriam de inanição, prostrados sem explicação, gozando um gozo amargo de imensa solidão!
E agora, neste momento, não mais estou 'brincando de ser feliz', estou desfrutando a felicidade, consumindo um gozo, uma verdade, cujo consolo repousa nas mãos de um faminto a quem chamo 'Saudade'!
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