(Monólogo Harpa, Cena nº 17)
Você é algo assim... Inexplicável, você! Inesperado, você! Se alguém me perguntar qual é o teu sabor? Eu direi: ‘Sabor de amar! Sabor de amar ao som do mar! Sabor de mar!'
Só eu sei que sabor é esse! Pode vir quem vier, vir de onde vier, vir prometendo o que for, vir falando o que quer... Sentir mesmo, sentir você, como eu senti, só se souber qual é o sabor do mar...
Não, não digo sabor salgado que nos toma de assalto. É um outro sabor meu bem, um outro sabor com gosto de homem, de homem ao mar que navega a procura do que lhe apraz: a mulher desejada!
E o mar, meu amor, ao sabor de 'a-sóis' era tão repleto de nós e dos mergulhos que fizemos a procura de mares, a procura de nós, a espera de ilhas, a espera de nós! Você, o sabor do mar! Eu, o querer das ilhas! Nós buscavámos as ilhas enquanto exploravamos os mares lençóis!
E o mar, meu amor, ao sabor de 'a-sóis' era tão repleto de nós e dos mergulhos que fizemos a procura de mares, a procura de nós, a espera de ilhas, a espera de nós! Você, o sabor do mar! Eu, o querer das ilhas! Nós buscavámos as ilhas enquanto exploravamos os mares lençóis!
Belas tardes de sábado e manhãs de domingo... Nós, o mar, seu sabor, meu suor... Tudo se misturava e você me banhava, me beijava, me abraçava com tamanha fome de mim que eu não via as ondas altas, não via o “chão’’ sumir de meus pés...
Eu estava segura! Teus braços de ‘homem do mar’ traziam um sossego de desassossegar! Teus olhos não me perdiam de vista... Eu estava ali e você estava ali, comigo! E inteiros, simplesmente, estávamos! Quem se atreveria a tirar de nós aquela calma que em ondas tomava todo o nosso mar, o nosso mar em volta de nós?!
Quando o sol saía para se pôr nós nos olhávamos com tanto frescor, queríamos que o dia estivesse começando, não queríamos terminar nada... O nada, lugar vazio, sem nós dois! ... Mas o dia ía anunciando seu fim. Nós não, sem fim que nos bastasse, nós queríamos sempre mais... Muito mais para ficarmos ali... Então...
Quando a noite se pronunciava, era tão bom ver você me convidando para cama (nossa cama, um outro mar em que mergulhos não faltavam ao som da nossa melhor música: Os beijos!)Beijos, beijos! Muitos, muitos... Tantos que nem sei, que nunca me atrevi a contar. Sentir nos bastava, nos fazia dormir!
Ah! Pensando bem teve um dia que você me deu cem beijos, lembra? Ia beijando cada pedacinho de mim e contando, contando, contando, e, quando se perdia nas contas começava tudo outra vez... Nossa que sabor e a pele parece que somente agradece o contato da língua!
Era você, o mar, o sabor. Era eu, o mergulho, o calor! Éramos nós, repletos de vida, quereres a milhares, e, ilhas de amor, nas ondas do porto, na barra do sol, numa cama divina cujos corpos ainda resistem as juras eternas das línguas que não se desmentem!
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